Por Maria Theresa Marques
Aveiro, 13 de janeiro de 2020.
Chegou o dia. O espelho será a razão de tudo. Observo e imito. Mas, custa- me bastante agir como ele. É um aprendizado dolorido, mas necessário.
Não trocamos palavra durante todo o dia.
Tive consulta, mas ele não perguntou- me nada, nem o resultado dos exames.
À noite, passei direito à sala, como reflexo do que vejo todos os dias, e sentei em frente ao televisor, que não assisti.
Agora, tomarei uma ducha, escovarei os dentes, farei um chá de ervas relaxantes, levarei para o quarto junto com um copo d’água e o comprimido para tireóide, que tomarei ao despertar, igual que nos últimos 13 anos.
A noite será longa, entrecortada, de despertares incômodos entre seus gases e roncos, que explodem por todos os orifícios, resultado de sua péssima alimentação baseada em gorduras e refrescos com gás.
De manhã, despertará e a fronha estará desenhada com sebo. Levantará e ouvirei as suas merdas a cair no retrete. Sem banho, sairá às 7h da manhã e só verei a sua presença muda e sebosa outra vez, às 20h, para mais uma sessão noturna de silêncios e flatulências.
A vida precisa ser melhor.