Alguns sonhadores pensaram que seria uma boa ideia criar um parque onde a poesia fosse a grande atração. E realmente foi uma excelente ideia! Alguns dos idealizadores do parque: Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras (1985-1989), o poeta e escritor David Mourão-Ferreira e o escultor Francisco Simões.

O Parque dos Poetas é grande, tem “22 hectares de área verde. Quarenta artistas plásticos. Sessenta esculturas dos maiores poetas de sempre. Um museu ao ar livre. Equipamento desportivos, infantis, lúdicos. O magnífico Templo da Poesia. O único parque de poesia no mundo está em Oeiras.” É o único parque do mundo dedicado só à poesia!

Nele estão representados os 20 maiores poetas portugueses do século XX, 13 trovadores e poetas do Renascimento e 27 esculturas de poetas.
As informações acima estão num planfleto informativo/mapa, que peguei quando visitei o parque nesse mês. Quem assina o texto é o atual presidente da Câmara, Paulo Vistas. Ele esqueceu de mencionar os poetas de outros países lusófonos. Brasileiros há dois: Carlos Drummond de Andrade, que vai ficar para uma próxima visita (o parque é gigante, não deu tempo!) e Manuel Bandeira, que tem um cantinho muito especial no parque.
O pernambucano Manuel Bandeira (Recife, 19/04/1886- Rio de Janeiro, 13/10/1968) foi poeta, cronista, tradutor, imortal da ABL (1940). Dele é o famoso poema “Vou- me embora pra pasárgada”:
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Pasárgada foi uma cidade persa que não existe mais, hoje é território do Irã; um lugar, ironicamente, não muito conhecido por ser pacífico. A Pasárgada de Bandeira é mais idílica.

Quem criou o conjunto de esculturas de Manuel Bandeira no Parque dos Poetas foi também um pernambucano, o fantástico Francisco Brennand (11/06/1927):

Conheça um pouquinho mais do parque no vídeo abaixo (é curtinho). No chão do monumento à Bandeira está o poema “Canção das duas Índias”:
Entre estas Índias de leste
E as Índias ocidentais
Meus Deus que distância enorme
Quantos Oceanos Pacíficos
Quantos bancos de corais
Quantas frias latitudes!
Ilhas que a tormenta arrasa
Que os terremotos subvertem
Desoladas Marambaias
Sirtes sereias Medeias
Púbis a não poder mais
Altos como a estrela d’alva
Longínquos como Oceanias
— Brancas, sobrenaturais —
Oh inacessíveis praias!…
Para a web do Parque dos Poetas, clique aqui.
Interessantíssimo
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Muito bonito o parque!
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Olá,
Boa tarde,
Somos do Máfia dos Livros – http://mafiadoslivros.com.br/livros/ e gostamos do conteúdo do seu site.
O que acham de apontarmos links recíprocos em nossas páginas?
Agradeço de qualquer forma.
Att
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Marco Pozzana – Máfia dos Livros.
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Fico feliz que você tenha gostado do blog! Só não posso aceitar a sua proposta, porque aqui não tenho lista de blogs. Abraço!
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Adorei o texto, adorei o museu, a ideia desse local fantástico. Muita literatura excelente, nossa língua portuguesa é maravilhosa mesmo. Nossa educação precisa desse conhecimento e dessa cultura. Parabéns.
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Verdade, nossa língua é maravilhosa e temos uma literatura lusófona muito rica. Beijos!
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Continuem assim, pois este blog é ótimo.
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Muito gentil, obrigada!
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