Eu busco nesses livros as respostas para as minhas inquietações. E acredito que, quando a pessoa conhece bem a minha obra, me conhece mais do que se me conhecesse. O autor pouco importa. O mundo real tem menos importância que o mundo imaginativo. Eu procuro, sobretudo, recriar o real, para dar um outro real carregado de sentido; aliás, a literatura é a linguagem carregada de sentido. É isso que é a literatura. (Autran Dourado, em entrevista ao Programa Leituras, 2001)
Hoje, 30 de setembro, completa quatro anos da partida do jornalista, advogado e escritor mineiro Autran Dourado, que foi um dos grandes escritores da literatura brasileira. Ganhou o Prêmio Camões no ano 2000, o maior da nossa língua, além dos prêmios Goethe (1981), Jabuti (1982) e Machado de Assis (2008). Faltou a Academia Brasileira de Letras, cadeira mais que merecida, uma pena não ter recebido esse reconhecimento, mas já é imortal de todas as formas. Fora que é necessário uma candidatura para ingressar na ABL e concorrer a uma vaga. Não sei se o autor estava disposto a isto. Autran Dourado foi casado por mais de 60 anos com Maria Lúcia (já falecida), é pai de Lúcio, Henrique, Inês e Ofélia. Veja a família completa:
Waldmiro Autran, Henrique, Inês, Ofélia e o bebê Lúcio no colo da mamãe Maria Lúcia.
As fotos são do arquivo da família Autran.
“A ópera dos mortos” é uma das obras reconhecidas mundialmente, tanto, que foi escolhida pela UNESCO para integrar a sua coleção de obras representativas da literatura mundial, além de ser objeto de estudo em universidades. O livro foi dedicado ao também escritor mineiro, Otto lara Resende.
A maior parte de sua bibliografia é composta de romances, mas também há ensaios, contos e crônicas e um livro de memórias chamado Gaiola aberta (2000).
Se você nunca ouviu a voz de Autran Dourado, veja esse vídeo de 2001 do programa Leituras, adorável! Nos deixa uma lição sobre literatura (minuto 4:47):
Esse vídeo também é incrível. O programa Revista Literária promoveu um encontro, um bate- papo entre os mineiros Autran Dourado e Silviano Santiago (que exerce de entrevistador) em uma chácara no Rio de Janeiro. Autran classificou os escritores em três tipos (e deu alguns exemplos): os artesãos (Flaubert), os gigantes (Balzac) e os gênios (Miguel de Cervantes). Machado de Assis para o Brasil é gênio, mas ele achava mesmo que era artesão.
Silviano: – O que é escrever prosa pra você? Autran: – É conseguir ordenar uma história.(...) O enredo não tem muita importância no romance. É uma maneira que o escritor tem de entreter o leitor, enquanto ele bate a carteira. É realmente uma maneira de prender o leitor. (...) O que é importante no romance é o ritmo.
E nesse dia de pesar, principalmente para a família, não existe melhor homenagem da nossa parte que ler Autran Dourado. A sua obra está publicada pela Editora Rocco (clique aqui), também em e-books, que podem ser comprados no iTunes ou em livrarias online (clica).
Eu comecei agora mesmo o “A ópera dos mortos”, vamos?!
Republicou isso em O LADO ESCURO DA LUA.
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