Hoje na Fnac do shopping Plaza Norte em San Sebastián de los Reyes (Madrid) um senhor com uma comprida barba branca, jaqueta de nylon suja, calça de moleton e sapatos também não muito limpos chegou perto do homem ao meu lado e pediu 70 céntimos para terminar de pagar o livro. “Só falta 70 céntimos, você poderia fazer a gentileza de me dar?”. A aparência maltrapilha afastou o homem que tentou se desvencilhar rápido do “mendigo leitor”, “não, não, não…”. Pensei: “quem é mais miserável?!”
Esse da foto não é o mendigo- anjo de hoje, é outro do Brasil que entrou numa livraria e também não foi expulso. Um pouco mais de humanidade, por favor!
Creio que essas pessoas, ao mendigo me refiro, vêm ao mundo com uma missão especial. Eles são enviados especiais do Todo- Poderoso para testar a nossa bondade, solidariedade, compaixão. Quantas vezes Ele tem se decepcionado, não é?
O rosto do anjo estava demacrado, sofrido. As pessoas que têm casa, comida, trabalho, família estão sós, imagina aí quão só pode ser uma pessoa que mora na rua sozinha… O livro, seu único amigo. Como ele não tem endereço, não pode ser sócio das bibliotecas públicas; por estar sujo, quem sabe, é até impedido de entrar.
O anjo teve coragem de entrar numa livraria de um shopping chique da cidade. Entrou, deu tempo de arrecadar os 70 céntimos e eu o vi sair do caixa. Feliz? Não sei, mas nessa noite fria de outono ele já tem companhia.
Nem só de pão vive o homem. A literatura salva.
Parabéns pelo texto sensível!
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Obrigada, abraços!
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Lembra o mendigo que vivia na Av Pedrosos de Moraes, que era escritor…
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Adorei o seu texto, Fernanda. Real… muito real..
Uns meses atrás tentei escrever uma poesia sobre essas pessoas especiais. Era um mendigo que vivia num cemitério do outro lado da escola onde trabalho, http://ronaldsergio.wordpress.com/2014/06/06/mendigo/
Abrs
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Pois é…esses anjos existem, não por castigo divino, mas para nos ensinar.
Abraços!
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Obrigada pela licao considere-se um “anjo”, que me disse “ACORDA”.
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Que bom! Abraços.
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