Acabas de completar oitenta e dois anos. Encolheste seis centímetros, não pesas mais de quarenta e cinco quilos e continuas bela, elegante, desejável. Faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos e te amo mais do que nunca. (p.7)
André Gorz (pseudônimo de “Gerhard Hirsch”) foi filósofo e jornalista, nasceu em Viena, em fevereiro de 1923 e faleceu em Vosnon, Champagne-Ardenne (França) no dia 22 de setembro de 2007, cometeu o suícidio quando morreu a sua esposa. Ela sofreu muito por causa de uma doença degenerativa, “Aracnoiditis”, causada por uma substância, o lipiodol, que lhe foi injetado 8 anos antes da doença ser descoberta, quando ela foi operada de uma hérnia discal. O líquido nao foi eliminado pelo corpo e subiu ao cérebro, ela sofria dores horríveis. Também teve câncer do endométrio.
Gorz começou a escrever essa carta quando descobriram a doença de Dorine. Além de relembrar como se conheceram, o texto é uma declaração de amor, mas não só. Gorz fala das dificuldades superadas graças à força da esposa, que enfrentou “com alegria um longo ano de penúrias” (p.44). Confessa que não conseguiu estar à altura, ficou deprimido: “Descobri que não se pode chegar à nada sem ‘relações’, e nós não tínhamos nenhuma” (…) “Estava numa situação de fracasso”(p. 48).
O escritor falou muito da sua vocação para a escritura, da necessidade irrefutável que sentia no seu exercício diário de escrever e o efeito transformador que a publicação da sua primeira obra causou na sua vida:
“Sua publicação mudou a minha situação. Me outorgou um lugar no mundo, concedeu uma realidade ao que eu pensava, uma realidade que excedia as minhas intenções, que obrigou a redefinir- me e a superar- me continuamente (…)” (p.65)
Ele relata que não conseguiria ver o funeral da mulher ou receber uma urna com suas cinzas. Eles sempre diziam que “em caso de existir uma outra vida, gostaríamos de passá- la juntos”. (p. 110)
A edição da Paidós muito caprichada, o livro vem numa caixinha, como um presente:
Gorz, André. Carta a D.: História de um amor. Paidós, Barcelona, 2008. 110 páginas.
Caramba, Nanda nao tinha algo menos triste pra eu poder ler,nao?! =/ =P
A mulher morreu terrivelmente…o cara se matou e ainda tenho que ler isso:
“Descobri que nao se pode chegar a nada sem ‘relaçoes’…”
Poh meu, essa dou la no fundo do meu peito, apesar de ser uma otima dica de leitura… =D =/
Abraçao! XD
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Sim, Wagner…é uma história triste, mas bela também. 🙂
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adorei olivro
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