Com esse nome extenso e multicultural, Sophia pertenceu à aristocracia portuense e foi uma das poetisas mais importantes do século XX, além de tradutora e política socialista. Nasceu no Porto, neta de um dinamarquês que imigrou para essa cidade. Seu tio comprou a “Quinta de Campo Alegre”, hoje o Jardim Botânico do Porto, ambiente onde aconteceram as suas doces recordações de infância.
A autora estudou Filologia Clássica em Lisboa, mas não terminou o curso, pois voltou ao Porto para casar- se. Faleceu aos 84 anos em Lisboa.
Comendo uma pizza no Loures Shopping, li o pequeno, mas intenso volume com poesias de Sophia. “Navegações”, cujo tema era um dos seus preferidos: o mar com todas as suas metáforas; também fala sobre Lisboa, nem sempre tão doce e amigável. Nota- se nos seus versos a vasta leitura, com muitas referências históricas e literárias. Destaco dois poemas, meus preferidos:
XIV
Através do teu coração passou um barco
Que nao pára de seguir sem ti o seu caminho
1982
Esse poema é uma referência ao poeta e político Jorge de Sena, que lutou pela liberdade numa época de ditadura em Portugal.
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O segundo poema evoca a Fernando Pessoa, o poeta dizia que pertencia à classe de portugueses que ficaram sem emprego depois da descoberta das Índias:
XIII
Canção rente ao nada
Do silêncio quieto
Da noite parada
Como se buscasse
Seu rosto e o errasse
1982
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Aqui um vídeo, um documental sobre poesia feito pela RTP, televisão portuguesa, onde mostra a Sophia e seu “Navegações” recitado por Rosa Lobato Faria, maravilhosa escritora, infelizmente falecida em fevereiro deste ano.
Andresen, Sophia. Navegações. Lisboa. Caminho, 2004.
Preço: 5.90 euros
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